Ceratocone é uma doença não-inflamatória progressiva
do olho na qual mudanças estruturais na córnea a tornam
mais fina e modificam sua curvatura normal para um formato mais cônico. A
principal consequência do ceratocone é a diminuição da visão. Visão borrada,
imagens fantasmas, sensibilidade à luz e presença de halos noturnos
são os principais sintomas relatados pelos pacientes. Trata-se
da distrofia mais comum da córnea, afetando 1 pessoa em cada 1.500
pessoas. O tratamento consiste em uso de óculos ou lentes de contato especiais.
Mas geralmente a visão dos pacientes nunca fica perfeita. Muitos casos de ceratocone progridem ao ponto que a correção visual não pode ser mais atingida, o afinamento da córnea se torna excessivo, ou cicatrizes corneanas resultantes do uso de lentes de contato tornam-se um problema frequente. Nestes
casos o transplante de córnea se torna necessário. Sendo que o ceratocone é a
causa mais comum de indicação de transplante de córnea.
Um novo estudo mostrou que o
transplante de células-tronco adultas derivadas de tecido adiposo diretamente na
córnea é seguro e mais, as células sobrevivem e levam à produção de colágeno.
Esta forma de terapia celular vai ajudar a remodelar e fortalecer a córnea de
pacientes com ceratocone!
"O objetivo da terapia
celular é reabilitar a biologia da córnea usando células-tronco autólogas.
Neste primeiro estudo buscamos especificamente provar a viabilidade da técnica
cirúrgica para implantar as células-tronco e avaliar a segurança do
procedimento. Mas também fomos capazes de provar que as células estimulam a produção
de colágeno, confirmando o que já provamos em estudos em animais", disse
Jorge L. Alió, da Ocular Surgery News.
A terapia celular para
regeneração de córnea ganhou muito espaço nos últimos anos. Os testes
terapêuticos usaram células-tronco de diferentes tecidos oculares e
não-oculares para verificar a sua capacidade de se diferenciar em queratócitos.
Entre eles, o tecido adiposo humano demonstrou ser ideal como fonte de
células-tronco devido à facilidade de acesso, alta capacidade de recuperação
celular e capacidade de suas células-tronco se diferenciarem em múltiplos tipos
de células.
"As células-tronco de tecido
adiposo se diferenciaram em queratócitos e produzem colágeno. Isso foi
comprovado em modelos animais, e nosso estudo foi o primeiro a mostrar isso
acontecendo na córnea humana", disse Jorge Alío.
O procedimento é simples e leva
apenas cerca de 10 minutos. Não ocorreram complicações e não foram observados
efeitos negativos quanto à função da córnea.
Este estudo sugere que as
células-tronco de tecido adiposo podem ser implantadas, que o procedimento é
seguro e que ainda produzem colágeno nos olhos doentes. É necessário agora de
um acompanhamento a longo prazo para ver os benefícios terapêuticos deste novo
colágeno e seu impacto na progressão natural da doença. A longo prazo, esses
queratócitos devem poder assumir e compensar o defeito criado pelos
queratócitos doentios, talvez o até restabelecimento da espessura da córnea.
A mesma terapia poderia
potencialmente tratar outras formas de distrofia corneana. Pela primeira vez
foi possível demonstrar que a terapia com células-tronco funciona para tratar
doenças da córnea. No futuro, ao diagnosticar casos de ceratoconos, será
possível oferecer uma terapia minimamente traumática e minimamente invasiva
para até mesmo os estágios mais avançados da doença.
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