Células-tronco são
células indiferenciadas que podem se multiplicar e se transformar em células
especializadas, como ossos, músculos, cartilagem, pele. Em crianças e adultos
estas células são encontradas em grandes quantidades e são responsáveis pelo
reparo de tecidos lesionados. Assim as células-tronco são recrutadas para o
local que tenha um dano ou inflamação para restaurar a função normal do tecido.
Mas à medida em que
envelhecemos, a quantidade de células-tronco no nosso corpo começa a diminuir,
além disso estas células sofrem mutações genéticas (erros no DNA), que reduzem
a sua capacidade de se multiplicar e dar origem à outros tipos de células. Sendo
assim, com o passar dos anos, a capacidade de reparo das nossas células-tronco
vai diminuindo.
Mas e se você pudesse restaurar sua
população de células-tronco?
Uma opção é usar suas
próprias células-tronco adultas de fontes como o cordão umbilical, dente de
leite e do tecido adiposo (a gordura!). Lembre que quanto mais jovens as
células-tronco, melhor! Por isso muitos médicos e cientistas preferem as
células-tronco do tecido do cordão umbilical às outras fontes.
Para tentar restaurar
a sua população de células-tronco o melhor é injetar células jovens em
quantidade, por isso é tão importante ter suas células guardadas! Essas
células-tronco podem ser injetadas, por exemplo, em locais que precisam ser
recuperados, como em articulações ou administradas por via endovenosa.
Pode-se também pensar
nessas células-tronco como “farmácias inteligentes”. Elas entendem o que um
determinado local do nosso corpo precisa, gerando fatores de crescimento que
podem ajudar a reduzir inflamações, combater doenças auto-imunes, aumentar a
massa muscular, reparar lesões e até reconstituir a pele e crescer o cabelo .
Futuro da terapia com
Células-Tronco
Na última década, o
número de publicações científicas por ano sobre pesquisas com células tronco
aumentou 40 vezes. Espera-se que o mercado de células-tronco chegue à US $ 170
bilhões até 2020 nos EUA.
As iniciativas
crescentes na pesquisa e desenvolvimento, visando a criação de novas terapias para
doenças crônicas e a crescente demanda por uma opção de tratamento regenerativo
são os principais impulsionadores.
Neste contexto, algumas
áreas se destacam:
1. Engenharia
de tecidos:
Engenharia
de tecidos usando células tronco do próprio corpo para reparar, substituir ou
aumentar um tecido é um campo em rápida evolução. Os pacientes com uma
variedade de doenças poderão ser tratados com tecidos e órgãos transplantados
feitos sob encomenda com suas próprias células-tronco. Como enfrentamos uma
escassez de tecidos e órgãos doadores, que está piorando anualmente devido ao
envelhecimento da população os cientistas trabalhando com engenharia de tecidos
estão aplicando os princípios do transplante de células, ciência de materiais e
bioengenharia para construir substitutos biológicos que restaurarão e manterão
a função normal em tecidos doentes e lesados. Assim as células-tronco são uma
peça chave nesta área que está avançando rapidamente, visto que em um futuro
próximo, órgãos poderão ser feitos sob
encomenda (veja aqui).
2. Armazenamento
de células-tronco:
No
momento do seu nascimento, você provavelmente está no ponto de perfeição
biológica, suas células são “zero-quilometro”. Seu corpo não foi exposto a
todos os estímulos prejudiciais, como poluição, radiação eletromagnética,
produtos químicos etc., e seu software biológico (DNA) está intacto. Sendo
assim o armazenamento de células-tronco mesenquimais do cordão umbilical nos
permite guardar células em seu estado original, com sua maior capacidade. Ao
serem guardadas ao nascimento estas células podem se replicar inúmeras vezes,
dando origem à um grande número que podem ser utilizadas incontáveis vezes.
Outras fontes de células-tronco podem ser armazenadas, como a polpa do dente de
leite e o tecido adiposo. Lembrando que o quanto antes armazenar melhor! Ter
suas células-tronco guardadas pode ser um fator importante para sua utilização
futura. Muitas aplicações requerem uso imediato (como problemas cardíacos,
queimaduras) e somente quem tem suas células armazenadas poderá se beneficiar.
Por isso é tão importante guardar suas células-tronco o quanto antes.
3. Aplicações
clínicas de células-tronco mesenquimais (MSC):
As
células-tronco mesenquimais, a menina dos olhos da medicina regenerativa
atualmente, têm sido usadas em testes clínicos por aproximadamente 10 anos.
Atualmente, inúmeros ensaios clínicos registrados em diferentes fases visam
avaliar o potencial da terapia celular com MSC em todo o mundo. Dos modelos
animais aos ensaios clínicos, as MSC têm oferecido a promessa no tratamento de
muitas doenças. A capacidade das MSCs para se diferenciar em osso, cartilagem,
musculo, gordura tem atraído interesse para o seu uso em varias aplicações. Entre
elas estão: doenças inflamatórias
intestinais, queimaduras, osteoartrite, diabetes, doença do enxerto contra o hospedeiro,
lesões osseas, calvície e outras.
Um exemplo de
sucesso: O Tratamento da Doença
de Crohn
O tratamento utilizando células-tronco
mesenquimais para doença de Crohn já está disponível em alguns países. A Doença
de Crohn é uma doença inflamatória intestinal que causa diarreia, cólica
abdominal, febre frequente e, às vezes, sangramento retal. Também pode ocorrer
a perda de apetite e de peso. Os sintomas podem variar de leve a grave.
A doença é notoriamente difícil de tratar. Até um terço das pessoas que sofrem
de Crohn não respondem bem ao tratamento convencional.
A boa notícia é que a utilização de
células-tronco mesenquimais (MSC) parece promissora e pode ajudar. Ensaios
clínicos mostram que a injeção de MSC melhora muitos sintomas da doença de
Crohn. Em um teste clínico, 15 pacientes foram injetados com MSC sendo que,
destes, 12 demonstraram resposta positiva ao tratamento e oito pacientes
tiveram remissão total da doença.
A terapia com MSC é promissora, não somente por
melhorar os sintomas de Crohn, mas também por não ser invasiva, não requerer
quimioterapia e ter poucos efeitos colaterais descritos.
Este é mais um exemplo que demonstra o grande
potencial das células-tronco mesenquimais e que mostra o quanto é importante
preservá-las para uso futuro.
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