Na Universidade de São Paulo, cientistas provaram através de experimentos in vitro, que o
Zika vírus, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue e da febre chikungunya - tem capacidade de infectar e matar células neuronais humanas. Os resultados reforçam a suspeita de que o novo vírus, detectado no Brasil no início de 2015, é responsável pelo aumento repentino no número de casos de microcefalia e outras más-formações congênitas.
Para comprovar, os cientistas infectaram células-tronco neuronais humanas com o vírus da
zika e compararam o desenvolvimento delas com o de células não infectadas. As células foram
cultivadas por métodos especiais, de maneira a formar neuroesferas e organoides cerebrais
(“minicérebros”).
Os testes demonstraram ainda que o zika não só é capaz de infectar as células, mas também
de levá-las à morte. A capacidade das células-tronco que foram infectadas pelo vírus de formar
neuroesferas foi extremamente reduzida; e as poucas neuroesferas que se formavam logo se degradavam num prazo de seis dias. Por outro lado, as neuroesferas de células não infectadas seguiam em frente sem problemas. No caso dos organoides cerebrais, os infectados cresceram 40% menos do que os controles, além de apresentarem anomalias morfológicas.
Os resultados são lógicos com um cenário em que a infecção pelo zika nos estágios mais
iniciais da gestação levaria a um aborto (morte do embrião), enquanto que uma infecção mais
tardia causaria anomalias no desenvolvimento do sistema nervoso do feto. Não é possível
ainda ter certeza se a mesma letalidade ocorre no cérebro humano, já que efeitos
observados em células in vitro nem sempre se reproduzem da mesma forma no organismo
vivo.
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