O que devo saber sobre
o armazenamento das células-tronco do meu bebê?
Por Eder Zucconi – Consultor Científico StemCorp –
eder.zucconi@stemcorp.com.br
Uma dúvida muito frequente pra quem está esperando a chegada
do bebê é se deve ou não armazenar as células-tronco do cordão umbilical. Hoje
em dia já é possível armazenar estas células tanto em banco privado (para uso
próprio) ou doar para um banco público (uso geral da população). Para que os
papais e mamães possam entender melhor sobre o universo das células-tronco, vou
explicar os principais pontos que devem ser levados em conta para que o casal
possa tomar a melhor decisão sobre o serviço de armazenamento de
células-tronco.
O que são
células-tronco?
Células-tronco são células muito especiais presentes no
nosso corpo que tem a capacidade de regenerar e formar novos tecidos. São
células indiferenciadas que, sobre certos estímulos, podem dar origem a células
cardíacas, ósseas, musculares, neuronais, etc. Toda vez que nosso corpo sofre
uma lesão, são as células-tronco presentes no nosso organismo que vão reparar
este dano. Por este motivo, as células-tronco são a grande promessa para a
medicina regenerativa e poderá ser utilizada no futuro para o tratamento de
doença hoje incuráveis.
Onde são encontradas
as células-tronco?
As células-tronco são encontradas em diversos tecidos do
nosso corpo. As fontes mais comumente utilizadas são aquelas de mais fácil
obtenção, como o sangue e tecido de cordão umbilical, polpa de dente de leite,
tecido adiposo de uma lipoaspiração, dentre outros.
Quais são os tipos de
células-tronco encontradas no indivíduo adulto?
No individuo adulto são encontrados dois tipos principais de
células-tronco. As células-tronco hematopoéticas, oriundas do sangue, como
sangue do cordão umbilical, sangue da medula óssea e sangue periférico. O outro
tipo de células-tronco é chamado de mesenquimais e são encontradas em diversos
tecidos, como tecido do cordão umbilical, polpa de dente, tecido adiposo, etc.
SANGUE e TECIDO do
cordão umbilical são a mesma coisa?
Não! Para que os pais possam tomar uma decisão consciente, é
muito importante saber que no sangue são encontradas as células-tronco do tipo
hematopoéticas e no TECIDO são encontradas as células-tronco do tipo
MESENQUIMAIS. As células-tronco hematopoéticas e mesenquimais tem
características, propriedades e aplicações distintas.
Quais as diferenças
entre armazenar as células-tronco em banco público ou privado?
Atualmente os bancos públicos aceitam a doação de apenas
células-tronco hematopoéticas, aquelas encontradas no sangue. O armazenamento
em banco público não tem nenhum custo para os pais porem a gestante deve se
encaixar nos critérios de doação. Em São Paulo o hospital Albert Einstein oferece
este serviço apenas para pacientes que derem luz na maternidade do
hospital de segunda a sábado das 7:00 às
20:00 horas. Por se tratar de um banco público, casos os pais precisem utilizar
a amostra doada no futuro a mesma pode não estar mais disponível, mas existe
grandes chances de se encontrar uma bolsa de sangue compatível se todos os pais
fizerem o grande ato de doar as células-tronco do sangue do cordão umbilical do
seu bebê, que poderá ser utilizado para salvar inúmeras vidas.
Já os bancos privados oferecem tanto o serviço de
armazenamento de células-tronco mesenquimais como de células-tronco
hematopoéticas. Os bancos privados cobram uma taxa inicial para coleta e
isolamento das células-tronco e uma taxa anual para manter as amostras
congeladas para uso futuro. A vantagem dos bancos privados é que, por ser um
serviço pago, a amostra armazenada pertence à família responsável e não poderá
ser utilizado por qualquer individuo da população como ocorre nos bancos
públicos.
Devo armazenar as
células-tronco do sangue do meu bebê em bancos públicos ou privados?
O que os pais precisam saber sobre as células-tronco
hematopoéticas é que as mesmas tem aplicação comprovada para diferenciar em
células do sangue. Portanto servem para o tratamento de doenças hematológicas,
como leucemias, anemias, talassemias, etc. É muito importante frisar que as doenças
hematológicas são muito raras. A chance de um indivíduo desenvolver uma doença
deste tipo gira em torno de 1:10.000. A grande maioria delas tem fundo
genético, ou seja, a amostra armazenada não poderia ser utilizadas para tratar
o próprio indivíduo que desenvolveu a doença e, portanto o mesmo deverá
recorrer a uma bolsa compatível. Por último, uma bolsa de sangue de cordão
armazenada serve para tratar um indivíduo de até 50kg, ou seja, poucos adultos.
Para tratar indivíduos de mais de 50kg é necessário a junção de duas bolsas e
portanto faz-se necessário recorrer a uma bolsa compatível. Mas onde encontrar
estas bolsas compatíveis tão faladas aqui? Nos bancos públicos! Por isso se
você tem oportunidade eu recomendaria doar o sangue do cordão umbilical do seu
bebê para um banco público. O único caso que recomendaria o armazenamento do
sangue do cordão umbilical em banco privado é quando se tem algum familiar com
doença hematológica, mas mesmo assim todos os argumentos acima discutidos devem
ser levados em conta. Se os pais pretendem guardar as células-tronco em banco
privado eu aconselho guardar as provenientes do TECIDO do cordão umbilical e não
as do sague e o motivo eu explico em
seguida.
Vale a pena saber: das
45.661 unidades de sangue de cordão umbilical armazenadas em bancos privados no
Brasil no período de 2003 a 2010, apenas 3 foram utilizadas (Fonte: ANVISA)
Por que guardar as células-tronco
MESENQUIMAIS do tecido do cordão umbilical é muito mais promissor que armazenar o sangue do cordão?
Estudos científicos vem mostrando que as células-tronco
MESENQUIMAIS são muito mais versáteis que as células hematopoéticas encontradas
no sangue. Enquanto que as células mesenquimais podem se diferenciar em pelo
menos osso, cartilagem, gordura e músculo, as células hematopoéticas originam
apenas células sanguíneas. Quem um dia não precisará reparar ossos, músculos ou
cartilagem? Além da capacidade de diferenciação, as células-tronco MESENQUIMAIS
secretam diversas substâncias com propriedades anti-inflamatórias,
anti-fibróticas e anti-oxidantes e são capazes de regular a resposta
imunológica e prevenir a morte das células.
Diferente das células-tronco hematopoéticas que não podem
ser multiplicadas em laboratório com as tecnologias atuais, as células-tronco
MESENQUIMAIS podem ser utilizadas em diferentes intervalos de tempo pois cada
ampola de célula descongelada pode ser multiplicada em laboratório, e
recongelada em inúmeras outras ampolas.
Quais são as
aplicações clinicas atuais para as células-tronco MESENQUIMAIS?
Hoje em dia já existem mais de 200 ensaios clínicos em seres
humanos em andamento em todo mundo e muitos já na eminência de serem aprovados
pelas agências reguladoras. Dentre as aplicações destacam-se diabetes,
Parkinson, Alzheimer, infarto do miocárdio, doenças pulmonares, lesões ósseas e
de cartilagem, dentre outras. No Brasil
já existem vários testes clínicos em seres humanos que utilizam células-tronco
MESENQUIMAIS em andamento ou em fase de
elaboração. Dentre os tratamentos investigados em nosso país destacam-se:
doenças cardíacas, diabetes, distrofias musculares, esclerose lateral
amiotrófica, ulceras venosas, osteoartrite e lesões de cartilagem, além de
bioengenharia de órgãos e tecidos.
Coletar o sangue ou
tecido do cordão umbilical traz algum dano para a mãe ou bebê?
A coleta de sangue de cordão umbilical geralmente é feita
quando o bebê ainda está conectado à mãe pelo cordão umbilical para se obter um
maior rendimento de volume de sangue, pois como já foi comentado aqui não
existe tecnologia no momento para multiplicar as células do sangue em
laboratório. Por isso, atualmente a ANVISA permite que os bancos armazenem as
células-tronco apenas se obtiverem uma celularidade mínima e por isso é pratica
dos bancos tanto privados e públicos sempre coletar o máximo possível de sangue
do cordão umbilical do seu bebê. Mas evitar que estes 70-90mL de sangue de
cordão umbilical vá para a circulação do meu
bebê não pode ser prejudicial para a saúde dele? Esta é uma questão que
deve ser discutida com seu obstetra pois já existem estudos que mostram que os
bebês que recebem maior quantidade de sangue, ou seja, aqueles que ficam maior
tempo ligado ao cordão umbilical após o parto, tem maiores níveis de
hemoglobina 24-48h pós-parto, são menos propensos a desenvolverem deficiência
de ferro entre 3-6 meses após o nascimento e apresentam melhor ganho de peso.
Portanto, o ato de doar o sangue para um banco publico é corajoso e heroico e pode ser utilizado para
salvar inúmeras vidas.
E o tecido? Como é feita a coleta? A coleta do tecido não
causa nenhum dano à mãe ou bebê e é um material que inevitavelmente seria
descartado. A coleta do tecido só é realizada após o médico cortar o cordão
umbilical para separar o bebê da placenta e quando o mesmo já está sob cuidados
do pediatra. Portanto não há nenhuma contra-indicação.
Qual é a novidade para
as mamães que forem fazer cesárea?
Para as mamães que querem armazenar suas próprias
células-tronco é possível fazer no momento do parto cesárea coletando um
pequeno fragmento de tecido adiposo, também muito rico em células-tronco. Após
o parto, durante a sutura, o próprio obstetra poderá coletar a gordura da mãe,
sem causar nenhum dano para a mesma.
O que todos nós adultos (seja homem ou mulher), que perdemos
a oportunidade de guardar as células-tronco do nosso cordão umbilical devemos
saber, é que podemos fazer em qualquer momento a partir do tecido adiposo.
Porem, deve-se fazer o quanto antes pois as células-tronco como qualquer célula
do nosso corpo também envelhece e as mesmas perdem a capacidade de se
multiplicar e formar os diferentes
tecidos com o aumento da nossa idade. Além da cesárea pode-se coletar o tecido
adiposo a partir de qualquer outro procedimento cirúrgico que o indivíduo for
realizar ou por procedimentos mais simples como uma simples biopsia ou
mini-lipoaspiração onde o individuo pode voltar as suas atividades no mesmo dia
da coleta.
E se eu perdi a chance
de guardar as células-tronco do cordão umbilical do meu filho?
Bom, ainda existem outras alternativas. Lembrando que o
quanto mais jovem for as células melhor. O ideal sempre é guardar o tecido do
cordão umbilical pois estas células foram as menos expostas a fatores
ambientais, carcinógenos, infecciosos e tiveram menor tempo para acumularem
mutações no seu DNA. A próxima oportunidade que indicamos é isolar as
células-tronco da polpa de dente de leite durante a troca de dentição da
criança, a partir dos 6 anos de idade.
Quais os critérios
devo avaliar para escolher a empresa que vou armazenar as células-tronco?
- Se possui profissionais capacitados na área. O mais importante e verificar a lista de publicações científicas na área. As mesmas devem ser exclusivamente em revistas internacionais e de alto impacto com várias citações por outros pesquisadores. Isto mostra que a pesquisa com células-tronco é confiável. Além disso, a lista deve conter publicações recentes e com uma frequência constante o que mostra que a equipe está engajada na pesquisa científica que é um grande diferencial para uma empresa de tecnologia de ponta.
- Se a empresa foi a própria desenvolvedora da tecnologia ou se a mesma foi comprada de uma empresa externa.
- A qualidade dos reagentes utilizados e se fazem uso de produtos de origem animal.
- Se as mesmas tem capacidade de crescer e multiplicar as células-tronco mesenquimais. Este ponto é muito importante pois caso seja necessário o uso, a empresa deve estar preparada para descongelar as células e entregar para o médico na quantidade solicitada. Verifique se a empresa só armazena ou se multiplica as células também!
- Desconfie de empresas que falam que as células-tronco tratam qualquer doença. Principalmente quando se referem ao sangue de cordão umbilical. Como disse aqui o sangue serve para tratar doenças hematológicas. Se as empresas começam a prometer muito além disso, desconfie!
- Quanto maior a gama de serviços oferecidos pela empresa melhor, o que mostra que ela está preparada e detém diversas tecnologias. Hoje em dia existem no mercado empresas que só armazenam o sangue ou armazenam o sangue mais as células-tronco mesenquimais. A StemCorp é a única empresa do mercado que optou por não oferecer o sangue, devido sua baixa aplicação, e apenas trabalha com o armazenamento de células-tronco mesenquimais. É a única do Brasil a oferecer o isolamento e armazenamento de células-tronco do tecido do cordão umbilical, tecido adiposo e polpa de dente. Além disso é a única no mercado com tecnologia para multiplicar as células livre de produtos animais.
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