Esta semana um artigo
publicado na revista Nature Biotechnology demonstrou que células-tronco embrionárias humanas injetadas
no cérebro de camundongos levou ao aparecimento de neurônios e a recuperação da
memória. Esta incrível descoberta foi fruto de um experimento que tinha como
objetivo elucidar os mecanismos da doença de Alzheimer, mas abriu novas
perspectivas na busca de uma terapia para esta doença.
Primeiramente, a equipe de pesquisadores do Waisman
Center (EUA) realizou lesões no cérebro de camundongos na área onde estão
presentes os neurônios associados à Alzhemier e à outros distúrbios neurológicos
como epilepsia. Células-tronco embrionárias humanas foram previamente
manipuladas para se tornarem células progenitoras neurais (células precursoras
com potencial para originarem todos os diferentes tipos de células do cérebro).
Estas células progenitoras foram então transplantadas diretamente na região
lesionada do cérebro destes animais. Por fim, os animais foram analisados por
testes funcionais e de memória. Os resultados demonstraram que os camundongos
transplantados tiveram melhores resultados em testes de memória do que os não
transplantados, sugerindo que sua função cerebral foi restaurada.
Injeções de células-tronco
embrionárias em camundongos podem resultar na formação de tumores, uma vez que
estas células são capazes de se dividir muito rapidamente. Entenda mais no
nosso site.
Controlar estas células, assim como qualquer tipo de célula-tronco, é o
primeiro passo para uma terapia. Uma das maneiras de controle é estimular as células-tronco para que se diferenciarem no tipo de célula que você quer, no caso deste
trabalho, neurônios.
Um dos autores argumenta
que a chave para o sucesso deste estudo foi garantir que as células injetadas
eram todas pré-diferenciadas (para neurônios), e não mais células-tronco
embrionárias: "Muitos outros experimentos em que foram transplantadas
células-tronco embrionárias resultaram na formação de uma massa de células ou
tumores. Isso não aconteceu no nosso caso porque as células transplantadas
foram pré-programadas, ou seja, já tinham um destino (neurônios) de modo que
não foram capazes de gerar qualquer outra coisa (tumores). A formação de
tumores tem sido resultado frequente de grupos sem conhecimento para realizar a
manipulação prévia das células.” O autor ainda completa: “As células-tronco
adultas também podem produzir alguns tipos de neurônios, e podem ter efeitos
semelhantes aos que mostramos. É necessária somente a manipulação correta
destas células”.
A chave do sucesso deste
estudo foi, então, a manipulação das células-tronco antes do transplante. Uma
lição para levarmos para casa. Se as células-tronco embrionárias tivessem sido
transplantadas sem prévia manipulação iriam formar tumores e não levariam à
nenhuma recuperação de memória. Sabemos que muitas empresas tiram proveito de
publicações como esta para fazer propaganda de que células-tronco curam
Alzheimer. Mas a verdade é que esta equipe de pesquisadores soube exatamente
COMO manipular estas células-tronco afim de obter este resultado e não um
resultado adverso. As conseqüências de injeções de células por
profissionais sem conhecimento, sem realização de pesquisa prévia, podem
ser desastrosas.
A
qualidade da extração, a quantidade, a manipulação prévia e muitos outros
fatores técnicos são fundamentais para garantir um transplante de sucesso.
Recentemente foi matéria de um jornal americano (veja aqui) a necessidade de deixar na mão de
profissionais especializados a manipulação de células-tronco. O autor da
matéria pergunta: “Você faria uma cirurgia cardíaca com um dermatologista?”.
Por isso é necessário estar nas mãos de profissionais de qualidade e
pesquisadores. Não se deixe enganar!
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