Desde
o século 19, os cientistas de todo o mundo têm estudado células-tronco, seja a
partir de plantas, de camundongos, ou de células de pacientes em busca de cura
para doenças. Nosso primeiro post destaca os principais acontecimentos no
Brasil e no mundo relacionados à células-tronco. Se quiser entender mais sobre
células-tronco e suas origens antes de ler este post, entre no nosso site.
1868 –
O termo "células-tronco" aparece na literatura científica pela
primeira vez, quando biólogo alemão Ernst Haeckel usa a expressão para descrever
o óvulo fertilizado que se torna um organismo, usa também para descrever o
organismo unicelular que serviu como a célula ancestral para todos os seres
vivos.
1886 -
William Sedgwick usa o termo "células-tronco" para descrever as
partes de uma planta que podem crescer e se regenerar.
1 de junho de 1909 - o pesquisador russo Alexander Maximow leciona na
Sociedade de Hematologia de Berlim sua teoria de que todas as células
sanguíneas provém da mesma célula ancestral. Com isso introduz a idéia de
células-tronco hematopoiéticas como multipotentes, ou seja, têm a capacidade de
se diferenciar em vários tipos de células diferentes.Leia mais
1953 -
Leroy Stevens, um pesquisador do estado de Maine (EUA) encontra grandes tumores
em testículos de camundongos. Estes tumores, conhecidos como teratomas, são
formados por uma misturas de células diferenciadas e não diferenciadas,
incluindo cabelo, osso, pele e tecido sanguíneo. Os pesquisadores clamaram
estas células cancerígenas de pluripotentes, o que significa que podem se
diferenciar em qualquer célula encontrada em um animal.
1957 -
Thomas E. Donnall, um médico-cientista, da cidade de Seattle (EUA), tenta o
primeiro transplante de medula óssea humana. (Mais tarde, ele ganha o Prêmio Nobel
por este trabalho em 1990). Leia mais
02 de fevereiro de 1963 - Os cientistas canadenses Ernest McCulloch e
James Till realizam experimentos para entender a medula óssea de camundongos.
Eles observaram que diferentes células sanguíneas vêm de uma classe especial de
células da medula óssea. Esta foi então a primeira evidência de células-tronco
do sangue (hematopoiéticas).
1968 -
Robert A. Good, da Universidade de Minnesota (EUA) realiza o primeiro
transplante de medula óssea bem-sucedido no mundo. Este foi realizado em uma
criança com uma deficiência imunológica que já havia matado outros membros de
sua família. O menino recebeu medula óssea de sua irmã e teve uma vida saudável.
1981 - Dois cientistas, Martin Evans, da Universidade de
Cambridge (UK) e Gail Martin, da Universidade da Califórnia, em San Francisco
(EUA), realizam estudos paralelos e obtém células-tronco pluripotentes a partir
de embriões de camundongos. Estas são as primeiras células-tronco embrionárias
a serem isoladas.
05 dezembro de 1986 - Andrew Lassar e Harold Weintraub de Seattle,
Washington (USA), convertem fibroblastos de roedores (célula de tecido
conjuntivo) diretamente em mioblastos (que geram células musculares),
utilizando-se um único gene (MyoD). Ser capaz de converter um tipo de célula
adulta em outro pode ser importante para a medicina regenerativa.
1988 - na França foi realizado com sucesso o primeiro
transplante de células-tronco hematopoiéticas de cordão umbilical em um
paciente com Anemia de Fanconi
1989 – Os pesquisadores Mario Capecchi, Martin Evans e
Oliver Smithies descrevem independentemente os primeiros "camundongos
knockout", estes são animais criados em laboratório em que um gene foi
retirado de seu genoma. Para isso utilizam células-tronco embrionárias e o
processo de recombinação homóloga. Desde a criação dos primeiros camundongos
knockout foram criados mais de 500 modelos de para diferentes tipos doenças
humana. Em 2007, estes cientistas receberam o prêmio Nobel pelo sua inestimável
contribuição na compreensão de diversas doenças humanas, incluindo diabetes e
câncer.Leia mais
1991 –
Arnold Caplan introduz o termo células-tronco mesenquimais. Seriam
células-tronco da medula óssea sem origem hematopoiética. Veja aqui uma
entrevista com Caplan
1997 -
Bonnet Dominique e John Dick do Canadá descobrem que a leucemia é causada pelas
mesmas células-tronco que produzem as células do nosso sangue. Leia mais
6 de novembro de 1998 - Uma equipe da Universidade de Wisconsin, Madison
(EUA), liderados por James Thomson e Jeffrey Jones, deriva a primeira linhagem
de células-tronco embrionárias humanas, a partir embriões. Depois de demonstrar
que as células eram pluripotentes, a equipe mostra o potencial que estas
células têm no teste de drogas e na terapia celular. Leia mais
Abril 2001 – Grupo da Califórnia separa pela primeira vez
células-tronco mesenquimais de tecido adiposo. Leia aqui
9 de agosto de 2001 - O presidente George W. Bush autoriza o uso de fundos
federais para a pesquisa utilizando um número limitado de linhagens de
células-tronco embrionárias humanas já existentes.
2002 – Fundada a International Society for Stem
Cell Research (ISSCR)
05 de abril de 2002 - Uma equipe do Whitehead Institute (MIT e Harvard –
EUA), relata o uso combinado de terapia celular e gênica para tratar um modelo
de camundongo com deficiência imunológica. Leia mais
Dezembro de 2004 - Encontradas células-tronco mesenquimais no
tecido do cordão umbilical.
19 de maio de 2005 – Grupo de cientistas sul-coreanos liderados por
Woo-Suk Hwang anunciam o uso de clonagem terapêutica para criar 11 linhagens de
células-tronco embrionárias. Seu paper é recebido com entusiasmo por toda
comunidade científica, uma vez que pacientes poderiam receberam suas próprias
células-tronco sem chance de rejeitar o transplantes, um problema recorrente em
casos de transplante de órgão. No entanto, a revista Science posteriores
publica uma retratação do paper de Hwang, revelando que os cientistas coreanos
falsificaram seus resultados. Um choque para a comunidade cientifica. Leia mais
29 de maio de 2008 - O Superior Tribunal Federal aprovou as pesquisas
com células-tronco embrionários no Brasil, sendo o primeiro país da
América Latina e o 26º no mundo a permitir esse tipo de pesquisa e colocando-o
no rol de países como como Finlândia, Grécia, Suíça, Holanda Japão, Austrália,
Canadá, Coréia do Sul, Estados Unidos, Reino Unido e Israel. O artigo 5º da Lei
de Biossegurança (Lei nº 11.105, de 24 de março de
2005) liberou no país a
pesquisa com células-tronco de embriões obtidos por fertilização in vitro
e congelados há mais de três anos. Atualmente, esses embriões são descartados
após quatro anos de congelamento, mas os pais devem autorizar expressamente seu
uso para efeito de pesquisa. Quando a lei foi aprovada, considerou-se um avanço
- ao menos perto do que se tinha para a pesquisa com células-tronco no país
pois a Lei de Biossegurança de 1995 proibia pesquisas com embriões, e os
pesquisadores se viam obrigados a importar exemplares para realizar estudos
básicos com células-tronco embrionárias.
25 de agosto de 2006 – Os pesquisadores japoneses Shinya Yamanaka e
Kazutoshi Takahashi anunciam a criação de células pluripotentes induzidas
(células iPS) de camundongos. As células iPS são células adultas reprogramadas
para funcionarem como células-tronco embrionárias, o que as torna um recurso
valioso para compreensão de doenças humanas, teste de drogas e possivelmente
para terapi celular. Estes ganham o prêmio Nobel em 2012 por seu trabalho.
Novembro / Dezembro de 2007 - Três equipes independentes no Japão, Wisconsin e
Boston, liderado por Shinya Yamanaka, James Thomson e George Daley, respectivamente,
anunciam a criação de células iPS humanas. Geneticamente compatíveis com o
doador, células iPS não seriam, teoricamente, rejeitadas pelo sistema imune,
uma vantagem importante em transplantes.
Janeiro de 2008 – Equipe StemCorp publica trabalho internacional
alertando que o tecido do cordão é mais rico em células-tronco mesenquimais que
o sangue do cordão. Leia aqui
Abril 2008 – Primeira publicação internacional de um grupo de
pesquisa brasileiro com células-tronco mesenquimais de tecido adiposo. Mais uma
vez pela equipe StemCorp. Leia aqui
Maio de 2008 - O STF julgou a ação de inconstitucionalidade
depositada em 2005 pelo então procurador da República Claudio Fonteles contra
o artigo da Lei de Biossegurança. Em sua ação, Fontele argumenta que o artigo
5º da Constituição Federal garante o direito "à inviolabilidade da vida
humana" e que os embriões são seres vivos. Alguns dos ministros do STF
chegaram a propor restrições que inviabilizavam as pesquisas, mas acabaram
sendo derrotados. Seis dos 11 ministros do STF consideraram constitucional o
artigo da Lei de Biossegurança que permite as pesquisas com células-tronco
embrionárias, colocando um ponto final da discussão.
6 de agosto de 2008 – Children’s Hospital Boston (EUA) anuncia a criação
de 10 linhagens de células iPS de pacientes portadores de diferentes doenças
genéticas. Visando fornecer aos cientistas modelos celulares de doenças como a
síndrome de Down e distrofia muscular, e assim ajudá-los a encontrar novas
formas para entender, prevenir e tratar essas doenças. Este trabalho foi
reconhecido no final de 2008 pela revista Science como revelação do ano.
27 de agosto de 2008 - Uma equipe de cientistas de Harvard (EUA) anuncia a
transformação direta de uma célula pancreática em uma célula produtoras de
insulina. Semelhante ao trabalho pioneiro de Andrew Lassar e Weintraub Harold
em 1986, esta experiência mostra que é possível reprogramar um tipo de célula
adulta em outro tipo de célula adulta, pulando o passo intermediário de criar
células iPS. Leia mais
23 de janeiro de 2009 - A Geron
Corporation anuncia
aprovação no FDA (EUA) de um teste clinico fase I para estudo de um novo
tratamento de lesões da medula espinhal. Esta foi a primeira aprovação do FDA
de um ensaio clínico para uma terapia baseada em células-tronco embrionárias.
1 março de 2009 – Equipe de cientistas em Toronto demonstra que é
possível a criação de células iPS de forma mais segura que os métodos
anteriormente utilizados. Estes foram capazes de remover os genes necessários
para reprogramação uma célula adulta em iPS após a célula estar reprogramada. O
que diminui o risco de tumores se utilizadas para terapia celular.
As
células-tronco são uma promessa para a medicina. Desde teste de novas drogas
até a substituição de tecidos. Clinical trials estão em curso em todo mundo e a
aplicação está mais que comprovada para muitas doenças. Veja nosso site para
a lista completa de aplicações que estão a caminho.