quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

O que devo saber sobre o armazenamento das células-tronco do meu bebê?
Por Eder Zucconi – Consultor Científico StemCorp – eder.zucconi@stemcorp.com.br



Uma dúvida muito frequente pra quem está esperando a chegada do bebê é se deve ou não armazenar as células-tronco do cordão umbilical. Hoje em dia já é possível armazenar estas células tanto em banco privado (para uso próprio) ou doar para um banco público (uso geral da população). Para que os papais e mamães possam entender melhor sobre o universo das células-tronco, vou explicar os principais pontos que devem ser levados em conta para que o casal possa tomar a melhor decisão sobre o serviço de armazenamento de células-tronco.

O que são células-tronco?
Células-tronco são células muito especiais presentes no nosso corpo que tem a capacidade de regenerar e formar novos tecidos. São células indiferenciadas que, sobre certos estímulos, podem dar origem a células cardíacas, ósseas, musculares, neuronais, etc. Toda vez que nosso corpo sofre uma lesão, são as células-tronco presentes no nosso organismo que vão reparar este dano. Por este motivo, as células-tronco são a grande promessa para a medicina regenerativa e poderá ser utilizada no futuro para o tratamento de doença hoje incuráveis.
 
Onde são encontradas as células-tronco?
As células-tronco são encontradas em diversos tecidos do nosso corpo. As fontes mais comumente utilizadas são aquelas de mais fácil obtenção, como o sangue e tecido de cordão umbilical, polpa de dente de leite, tecido adiposo de uma lipoaspiração, dentre outros.

Quais são os tipos de células-tronco encontradas no indivíduo adulto?
No individuo adulto são encontrados dois tipos principais de células-tronco. As células-tronco hematopoéticas, oriundas do sangue, como sangue do cordão umbilical, sangue da medula óssea e sangue periférico. O outro tipo de células-tronco é chamado de mesenquimais e são encontradas em diversos tecidos, como tecido do cordão umbilical, polpa de dente, tecido adiposo, etc.

SANGUE e TECIDO do cordão umbilical são a mesma coisa?
Não! Para que os pais possam tomar uma decisão consciente, é muito importante saber que no sangue são encontradas as células-tronco do tipo hematopoéticas e no TECIDO são encontradas as células-tronco do tipo MESENQUIMAIS. As células-tronco hematopoéticas e mesenquimais tem características, propriedades e aplicações distintas.

Quais as diferenças entre armazenar as células-tronco em banco público ou privado?
Atualmente os bancos públicos aceitam a doação de apenas células-tronco hematopoéticas, aquelas encontradas no sangue. O armazenamento em banco público não tem nenhum custo para os pais porem a gestante deve se encaixar nos critérios de doação. Em São Paulo o hospital Albert Einstein oferece este serviço apenas para pacientes que derem luz na maternidade do hospital  de segunda a sábado das 7:00 às 20:00 horas. Por se tratar de um banco público, casos os pais precisem utilizar a amostra doada no futuro a mesma pode não estar mais disponível, mas existe grandes chances de se encontrar uma bolsa de sangue compatível se todos os pais fizerem o grande ato de doar as células-tronco do sangue do cordão umbilical do seu bebê, que poderá ser utilizado para salvar inúmeras vidas.
Já os bancos privados oferecem tanto o serviço de armazenamento de células-tronco mesenquimais como de células-tronco hematopoéticas. Os bancos privados cobram uma taxa inicial para coleta e isolamento das células-tronco e uma taxa anual para manter as amostras congeladas para uso futuro. A vantagem dos bancos privados é que, por ser um serviço pago, a amostra armazenada pertence à família responsável e não poderá ser utilizado por qualquer individuo da população como ocorre nos bancos públicos.

Devo armazenar as células-tronco do sangue do meu bebê em bancos públicos ou privados?
O que os pais precisam saber sobre as células-tronco hematopoéticas é que as mesmas tem aplicação comprovada para diferenciar em células do sangue. Portanto servem para o tratamento de doenças hematológicas, como leucemias, anemias, talassemias, etc. É muito importante frisar que as doenças hematológicas são muito raras. A chance de um indivíduo desenvolver uma doença deste tipo gira em torno de 1:10.000. A grande maioria delas tem fundo genético, ou seja, a amostra armazenada não poderia ser utilizadas para tratar o próprio indivíduo que desenvolveu a doença e, portanto o mesmo deverá recorrer a uma bolsa compatível. Por último, uma bolsa de sangue de cordão armazenada serve para tratar um indivíduo de até 50kg, ou seja, poucos adultos. Para tratar indivíduos de mais de 50kg é necessário a junção de duas bolsas e portanto faz-se necessário recorrer a uma bolsa compatível. Mas onde encontrar estas bolsas compatíveis tão faladas aqui? Nos bancos públicos! Por isso se você tem oportunidade eu recomendaria doar o sangue do cordão umbilical do seu bebê para um banco público. O único caso que recomendaria o armazenamento do sangue do cordão umbilical em banco privado é quando se tem algum familiar com doença hematológica, mas mesmo assim todos os argumentos acima discutidos devem ser levados em conta. Se os pais pretendem guardar as células-tronco em banco privado eu aconselho guardar as provenientes do TECIDO do cordão umbilical e não as do sague e  o motivo eu explico em seguida.

Vale a pena saber: das 45.661 unidades de sangue de cordão umbilical armazenadas em bancos privados no Brasil no período de 2003 a 2010, apenas 3 foram utilizadas (Fonte: ANVISA)

Por que guardar as células-tronco MESENQUIMAIS do tecido do cordão umbilical é muito mais promissor  que armazenar o sangue do cordão?
Estudos científicos vem mostrando que as células-tronco MESENQUIMAIS são muito mais versáteis que as células hematopoéticas encontradas no sangue. Enquanto que as células mesenquimais podem se diferenciar em pelo menos osso, cartilagem, gordura e músculo, as células hematopoéticas originam apenas células sanguíneas. Quem um dia não precisará reparar ossos, músculos ou cartilagem? Além da capacidade de diferenciação, as células-tronco MESENQUIMAIS secretam diversas substâncias com propriedades anti-inflamatórias, anti-fibróticas e anti-oxidantes e são capazes de regular a resposta imunológica e prevenir a morte das células.
Diferente das células-tronco hematopoéticas que não podem ser multiplicadas em laboratório com as tecnologias atuais, as células-tronco MESENQUIMAIS podem ser utilizadas em diferentes intervalos de tempo pois cada ampola de célula descongelada pode ser multiplicada em laboratório, e recongelada em inúmeras outras ampolas.

Quais são as aplicações clinicas atuais para as células-tronco MESENQUIMAIS?
Hoje em dia já existem mais de 200 ensaios clínicos em seres humanos em andamento em todo mundo e muitos já na eminência de serem aprovados pelas agências reguladoras. Dentre as aplicações destacam-se diabetes, Parkinson, Alzheimer, infarto do miocárdio, doenças pulmonares, lesões ósseas e de cartilagem, dentre outras.  No Brasil já existem vários testes clínicos em seres humanos que utilizam células-tronco MESENQUIMAIS em andamento  ou em fase de elaboração. Dentre os tratamentos investigados em nosso país destacam-se: doenças cardíacas, diabetes, distrofias musculares, esclerose lateral amiotrófica, ulceras venosas, osteoartrite e lesões de cartilagem, além de bioengenharia de órgãos e tecidos.

Coletar o sangue ou tecido do cordão umbilical traz algum dano para a mãe ou bebê?
A coleta de sangue de cordão umbilical geralmente é feita quando o bebê ainda está conectado à mãe pelo cordão umbilical para se obter um maior rendimento de volume de sangue, pois como já foi comentado aqui não existe tecnologia no momento para multiplicar as células do sangue em laboratório. Por isso, atualmente a ANVISA permite que os bancos armazenem as células-tronco apenas se obtiverem uma celularidade mínima e por isso é pratica dos bancos tanto privados e públicos sempre coletar o máximo possível de sangue do cordão umbilical do seu bebê. Mas evitar que estes 70-90mL de sangue de cordão umbilical vá para a circulação do meu  bebê não pode ser prejudicial para a saúde dele? Esta é uma questão que deve ser discutida com seu obstetra pois já existem estudos que mostram que os bebês que recebem maior quantidade de sangue, ou seja, aqueles que ficam maior tempo ligado ao cordão umbilical após o parto, tem maiores níveis de hemoglobina 24-48h pós-parto, são menos propensos a desenvolverem deficiência de ferro entre 3-6 meses após o nascimento e apresentam melhor ganho de peso. Portanto, o ato de doar o sangue para um banco publico é  corajoso e heroico e pode ser utilizado para salvar inúmeras vidas.
E o tecido? Como é feita a coleta? A coleta do tecido não causa nenhum dano à mãe ou bebê e é um material que inevitavelmente seria descartado. A coleta do tecido só é realizada após o médico cortar o cordão umbilical para separar o bebê da placenta e quando o mesmo já está sob cuidados do pediatra. Portanto não há nenhuma contra-indicação.

Qual é a novidade para as mamães que forem fazer cesárea?
Para as mamães que querem armazenar suas próprias células-tronco é possível fazer no momento do parto cesárea coletando um pequeno fragmento de tecido adiposo, também muito rico em células-tronco. Após o parto, durante a sutura, o próprio obstetra poderá coletar a gordura da mãe, sem causar nenhum dano para a mesma.
O que todos nós adultos (seja homem ou mulher), que perdemos a oportunidade de guardar as células-tronco do nosso cordão umbilical devemos saber, é que podemos fazer em qualquer momento a partir do tecido adiposo. Porem, deve-se fazer o quanto antes pois as células-tronco como qualquer célula do nosso corpo também envelhece e as mesmas perdem a capacidade de se multiplicar e  formar os diferentes tecidos com o aumento da nossa idade. Além da cesárea pode-se coletar o tecido adiposo a partir de qualquer outro procedimento cirúrgico que o indivíduo for realizar ou por procedimentos mais simples como uma simples biopsia ou mini-lipoaspiração onde o individuo pode voltar as suas atividades no mesmo dia da coleta.

E se eu perdi a chance de guardar as células-tronco do cordão umbilical do meu filho?
Bom, ainda existem outras alternativas. Lembrando que o quanto mais jovem for as células melhor. O ideal sempre é guardar o tecido do cordão umbilical pois estas células foram as menos expostas a fatores ambientais, carcinógenos, infecciosos e tiveram menor tempo para acumularem mutações no seu DNA. A próxima oportunidade que indicamos é isolar as células-tronco da polpa de dente de leite durante a troca de dentição da criança, a partir dos 6 anos de idade.

Quais os critérios devo avaliar para escolher a empresa que vou armazenar as células-tronco?
  • Se possui profissionais capacitados na área. O mais importante e verificar a lista de publicações científicas na área. As mesmas devem ser exclusivamente em revistas internacionais e de alto impacto com várias citações por outros pesquisadores. Isto mostra que a pesquisa com células-tronco é confiável. Além disso, a lista deve conter publicações recentes e com uma frequência constante o que mostra que a equipe está engajada na pesquisa científica que é um grande diferencial para uma empresa de tecnologia de ponta.
  • Se a empresa foi a própria desenvolvedora da tecnologia ou se a mesma foi comprada de uma empresa externa.
  • A qualidade dos reagentes utilizados e se fazem uso de produtos de origem animal.
  • Se as mesmas tem capacidade de crescer e multiplicar as células-tronco mesenquimais. Este ponto é muito importante pois caso seja necessário o uso, a empresa deve estar preparada para descongelar as células e entregar para o médico na quantidade solicitada. Verifique se a empresa só armazena ou se multiplica as células também!
  • Desconfie de empresas que falam que as células-tronco tratam qualquer doença. Principalmente quando se referem ao sangue de cordão umbilical. Como disse aqui o sangue serve para tratar doenças hematológicas. Se as empresas começam a prometer muito além disso, desconfie!
  • Quanto maior a gama de serviços oferecidos pela empresa melhor, o que mostra que ela está preparada e detém diversas tecnologias. Hoje em dia existem no mercado empresas que só armazenam o sangue  ou armazenam  o sangue  mais as células-tronco mesenquimais. A StemCorp é a única empresa do mercado que optou por não oferecer o sangue, devido sua baixa aplicação, e apenas trabalha com o armazenamento de células-tronco mesenquimais. É a única do Brasil a oferecer o isolamento e armazenamento de células-tronco do tecido do cordão umbilical, tecido adiposo e polpa de dente. Além disso é a única no mercado com tecnologia para multiplicar as células livre de produtos animais.