Faz pouco mais de um mês que a ex-atleta Laís Souza, de 28
anos, voltou dos Estados Unidos com uma excelente notícia na bagagem. No início
de fevereiro, Laís esteve em uma consulta com o médico Barth Green, do Miami
Project, e ouviu dele a informação de que existe a possibilidade de que ela
ande novamente. Em 2014, ela ficou tetraplégica depois de um acidente enquanto
treinava para as Olimpíadas de Inverno que, naquele ano, aconteceram em Sochi,
na Rússia.
Green acompanhou os progressos que Laís vem experimentando a
partir do tratamento pioneiro ao qual ela foi submetida usando células-tronco.
A ex-atleta brasileira foi a primeira pessoa nos Estados Unidos a obter uma
autorização da Food and Drug Administration – agência americana responsável
pela liberação de drogas e tratamentos –
para usar células-tronco em terapia de lesão medular.
O uso das células-tronco no caso da Laís mostra que é
possível sim aplicar as células mesmo sem ter uma terapia de rotina aprovada.
No Brasil existem vários casos de uso aprovados baseados em analise de caso a
caso. Por isso a importância de guardar as suas células-tronco. No caso de uma
lesão, ter suas células-tronco jovens guardadas pode representar a uma grande
diferença na terapia.
Como você conseguiu
seu progresso mais recente?
Usei um extensor que deixa o joelho estendido. As pessoas o
utilizam para ficar em pé depois que fazem cirurgia para o joelho. Já ficava de
pé, mas com a tala pude fazer coisas a mais com o braço. Ele fica mais solto, o
que me permite executar alguns movimentos.
Que outros sinais de
avanços você está conseguindo observar?
Sinto algumas coisas. Algumas áreas no meu braço trepidam, o
dedo mexe um pouco, o tríceps pula bastante. Parece que está fibrilando, sabe?
E sei que a força do meu abdome e das minhas costas também está muito melhor.
No mês passado você
esteve nos Estados Unidos para mais uma consulta de acompanhamento do
tratamento que fez usando células-tronco. Qual foi a impressão dos médicos?
O Dr. Barth (Barth Green, do Miami Project, importante
centro mundial de tratamento e pesquisa da paralisia) acredita que há chance de
eu voltar a andar por causa das células-tronco. Fiquei muito, muito feliz. Ele
falou em inglês, eu fiquei lá toda concentrada para conferir se era aquilo
mesmo que ele estava me dizendo. E era. Quando traduzi para minha mãe (Odete),
o coração dela pulsou mais forte.
Como ele justificou
essa previsão?
Ele disse que a lesão é pequena e que sou muito nova.
Conforme o tempo for passando e eu continuar progredindo, vão surgir outros
avanços que me ajudarão ainda mais.